Painel debate desafios da comunicação durante enchentes históricas no Rio Grande do Sul
Temas como prestação de serviços, fake news e papel do rádio foram citados no encontro mediado pelo secretário Caio Tomazeli
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Os desafios da comunicação e do jornalismo durante a cobertura das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul foram tema de um painel mediado pelo secretário de Comunicação, Caio Tomazeli, nesta quinta-feira (22/5), dentro da programação do 1º Seminário do Plano Rio Grande. O evento foi promovido pelo governo do Estado, por meio da Secretaria da Reconstrução Gaúcha (Serg), no Instituto Caldeira, em Porto Alegre.
O debate contou com a participação dos jornalistas Rosane de Oliveira, de GZH, Mauren Xavier, do Correio do Povo, e Guilherme Macalossi, da Band. Na abertura do painel, Tomazeli falou sobre a estratégia de comunicação adotada pela Secom, especialmente no tocante ao Plano Rio Grande. Liderado pelo governador Eduardo Leite, o Plano Rio Grande é um programa de Estado criado para reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.
“A Secom comunica, mas antes ela atua na estratégia do governo, o que chamamos de agir comunicativo, se envolve nos temas, com profundidade, nos assuntos estratégicos do governo, para depois construir uma comunicação. A comunicação que estamos fazendo no Plano Rio Grande tem o conceito de que 'o plano é um só, tornar o Rio Grande ainda mais forte'. Com as enchentes, primeiramente fomos transformados e impactados muito profundamente, e isso traz repercussões enormes para o nosso contexto e futuro”, explicou Tomazeli.

Rosane destacou o papel da comunicação durante a tragédia. “A comunicação foi essencial para salvar vidas, pois mostrávamos quem precisava de ajuda e aonde, para que as pessoas pudessem ajudar, e a solidariedade foi absolutamente fundamental. Conseguimos fazer o melhor trabalho jornalístico de todos os tempos, pois nunca tínhamos enfrentado nada parecido, desafiados da forma que fomos e fizemos das nossas equipes algo que parece inacreditável, com profissionais que saíam de suas folgas para ajudar”, contou.
Mauren relatou a complexidade da atuação dos veículos no momento das enchentes e como isso impactou diretamente a estrutura dos jornais. “O Correio passou pelas duas grandes enchentes, em 1941 e agora, que tivemos uma situação mais crítica. Tivemos que evacuar o prédio e, mais do que perder a sede, também tivemos a necessidade de desligar todos nossos servidores, que estão no local, e encontrar soluções para continuar trabalhando”, revelou.
“Também havia a questão individual dos profissionais, com pessoas tendo que passar vários dias fora de casa, outras que estavam se deslocando, entender a questão de cada um da equipe e como iríamos fazer. Naquele momento tínhamos uma urgência muito grande, era o momento que a informação valia ouro, valia vidas, pois tínhamos um desencontro muito grande de informações nas redes sociais. Nosso trabalho se baseava muito em informar corretamente, garantir as orientações corretas.”

Já Macalossi enfatizou o papel fundamental do rádio em situações como a vivida em 2024. “Essa tragédia voltou a consagrar o rádio como um instrumento extraordinário não apenas de comunicação direta entre as pessoas, mas também como forma de salvar vidas. O rádio é o veículo que funciona sem necessariamente estar plugado à luz ou à internet. Em muitos lugares isolados no interior do Rio Grande do Sul as pessoas voltaram a ouvir rádio de pilha. Então isso ajudou a manter a comunicação”, frisou.
A propagação de fake news foi apontada como um dos principais obstáculos enfrentados durante as coberturas. O volume de boatos e informações falsas exigiu atenção redobrada das equipes, garantindo que apenas dados verificados chegassem ao público.
Macalossi destacou que a atuação do jornalismo, em conjunto com atores governamentais, precisou se empenhar para superar os desafios, garantindo a divulgação de informações corretas, enquanto outros disseminavam teorias conspiratórias e narrativas que buscavam criar o caos, aproveitando-se de um ambiente propício para atingir a população.
Para Rosane, a experiência da pandemia foi fundamental para ensinar como lidar de forma mais ágil com as fake news, distinguindo rapidamente o que era fato do que não era e contribuindo para amenizar o pânico vivido pela população.

Já Mauren reforçou a importância da educação midiática como ferramenta essencial para evitar a disseminação de boatos, destacando a necessidade de sempre prezar pelos princípios fundamentais do jornalismo.
O encontro foi encerrado com a defesa de que a cobertura das enchentes deixou lições valiosas sobre a função social da comunicação em tempos de calamidade e sobre a resiliência dos profissionais que atuam diariamente para garantir que informações corretas e confiáveis cheguem ao público.
Texto: Thales Moreira/Secom
Edição: Secom
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